Pensar Hoje - retratos do agora

sábado, 4 de dezembro de 2010

E o tempo?

Ele é imutável, mas o sentimos passar. Cabe tanto em um olhar quanto em toda nossa vida. Não podemos medi-lo, já que não nos é físico. Ainda assim, estabelecemos na existência passos para ele: nove meses para nascer, um ano de sofrimento, décadas de diversão, milênios de solidão. Algumas dessas são compreensíveis, outras não.

Uns dizem não entender o porquê de um segundo ser tão importante, outros que nele pode estar toda a nossa vida, todo nosso propósito, ao acontecer. E a medida, tão igual a todos porque passa à mesmíssima maneira para cada um, encontra dúvidas. Se ele fosse realmente assim, não teríamos nossas exclamações: "já?", "ainda?", "é cedo!", "é tarde!".

Parece que ele depende de um observador: quando contamos os segundos no relógio, eles demoram a passar. Ao nos divertirmos, os segundos transformam-se em horas passadas. À última hora da vida, quando sabida, é impossível a hora ter maior valor. E esse tempo todo, no fim, para onde vai?

Investimos-no, certamente finito, em coisas vãs ou necessárias, alegrias e agruras. Mas quando mesmo foi a última vez em que paramos a vida, a que quase certamente passa afoita e às vezes perde a paisagem, para prestar muita atenção no nada que temos dentro e fora?

É uma ofensa à vida ou à existência percebermos ter, dentro de nossos sis, enormes vácuos esperando para serem contemplados? O grande céu, azul e límpido, escuro e mais notívago ou claro e em formas de bolos, acha-se como uma vastidão que nos parece vazia ao olho nu. No entanto, atrai inúmeros observadores n'onde sua incolumidade e... quase inexistência congrega olhares estupefatos para sua imensidão.

Sua alternância de matizes nos dá o horário e nos orienta a dormir e a acordar. Define, pouco a pouco, quanto temos para cumprir nossa jornada, e nos permite ou obriga a uma pausa a cada período.

Só uma pergunta: para a pausa ser um descanso, o céu tem de estar fora ou dentro de nós?

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