Pensar Hoje - retratos do agora

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Comentário à ansiedade

Sal, este também mar nosso
E as névoas fazem a vida
Sou catatônico quando
O esperar não me se explica

É a emoção que me dá à hora
A ilusão do que resolve
Inda, sinteticamente,
Encontro-me resoluto.

Resguardo minhas palavras
Não aleatorio a tal vida
Esta terá algum sentido

Soluçar e chorar, veias
Correndo por almas d'outrem
Quiçá em meu peito vivido.

PS: Inspirado por “Ansiedade” de Marcia Soleni

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ao pensamento d'ouro

Servem-se lembranças
Em nossa ciranda a infelicidade
Não tem qualquer vez
Conosco não escolhamos palavras.

Vamos todos ouvir
Os pingos d'água a cair na janela
Aos nossos semelhantes
Conferir toda nossa proteção.

Quem irá proteger
Aos que hoje conferem atenção
Os jovens d'ontem
Cresceram também desalentados.

O carro do sonho
Pode ser luz da mais escura
Não muito importa
Será decerto um brilhante.

O carro dos sonhos

Sentimentos são levados
Pelo que nos dias viveu
Feitos são realizados
Pela mão que suou

Vamos descobrir
O que sentimos e tocamos
Correremos risco
De não saber o que sonhar.

Vive, sim, hoje,
Mas pensa no amanhã
Pode ser tarde
Se não acordar agora.

Pensa, sim, hoje,
Mas sonha no amanhã
Pode ser tarde
Se não dormir agora.

Tudo é desconhecido
Quando é fora da gente
Então não ignora
O que dentro sente.

Isso de rótulo
Só o produto é que leva.
Seja você
Que tem quem vai gostar.

E eu não rotulo
Porque não sou produto.
É, sim, bonito
O que é hoje sincero.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O menino

Era frio.

Esfregando suas mãos geladas, o menino resolveu passar algum tempo fora de casa. Tinha sido um bom aluno e decidira contemplar as folhas das calçadas ao vento, os amigos correndo e jogando taco, o muro do clube que já pulara várias vezes, a avenida que era ostensiva com seus carros andando para lá e para cá.

A tarde estava bonita: pessoas alegres e o sol quase indo deitar. Ela encheu de lágrimas os olhos do menino ao recordar, mais uma vez, a existência de sua mãe. Era o desejo de ainda falar palavras para, mesmo que na imaginação, contar o dia e compartilhar seus sentimentos.

Deitou-se no chão liso e disse bem baixinho para só ele mesmo escutar. Era oração própria de seu mundo. Tudo da cabeça. Formigas andaram por sua mão, mas ele não parou. Já estava ficando tarde, mas a palavra precisava sair. Os amigos o chamaram para andar de bicicleta, mas ele queria falar.

Sete horas e o sol já tinha ido. Palavras ditas, notou que as folhas da calçada tinham sumido e os amigos já tinham ido jantar. Voltou para casa e encontrou a mãe; e a surpresa: voltou de viagem mais cedo. Abraçou-a e fechou os olhos com o mesmo sorriso das lágrimas.

Aconteceu...

Como um lindo dia // Aconteceu...
Cativou a minh'alma // Aconteceu...
Um misto insólito // Aconteceu...
Belo e imponente // Aconteceu...
Me apaixonei // Aconteceu...
A paixão que veio // Aconteceu...
Envolveu meu peito // Aconteceu...

Acabou-se tudo
Que eu imaginava ter
E desacreditava
Na desilusão em mim

Ainda quero colo
Sem o paraíso, eu sei
Hoje é o escuro
De ser alguém sem ti