Pensar Hoje - retratos do agora

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O tempo chora

Lavando nossas almas, ele nos surpreende com a clareza de algo que está por vir. Nesse momento, perguntamo-nos o que há além da cortina. Diz ele contar o que realmente queríamos ouvir ou falar. O imprescindível então resseca nossas lágrimas para entendermos mais, contarmos melhor, lermos nas entrelinhas. Não é possível, dizemos. O céu só nos diz para parar. Parar. E observar.

Assim quero ficar, por um belo tempo, até a compreensão vier e me acordar, contando a história para eu poder dormir.

É breve o tempo chorando. Só que dura muito.

Hoje choveu.

domingo, 19 de julho de 2009

Rebelião

O espírito sem resposta também não tem casa. Ela é uma música que cantamos a toda hora quando criamos uma ilusão em nossa cabeça: a vida tem, tem de dizer, nos dá a sensação de que tudo poderia ser feito quando sim, é verdade!

A ilusão nem sempre é algo falso. E serve, muito bem, para dizer-nos que algo, que já existe, existe. Digo porque nem sempre sou ouvido. Esse objeto pode precisar de amparo para viver ou cai no sincero esquecimento. E esquecer, também, não é não lembrar, porque ninguém esquece.

Lembrando a arte do amparo, precisamos dele. Não porque somos únicos ou mais juntos, é que não dá para fazer tudo. Daí acontece. A revolta? Também não é revolução, é só vontade de mexer, remexer. A revolução só acontece se alguém tiver mexido os ovos, senão tudo são branco e amarelo.

Aos olhos de quem vê o ovo, o irmão diz tudo: "sou amarelo e você preto, azul, verde, castanho. Contudo, temos muito em comum. Mas por que você não nasce, assim como eu?". Somos caso a se pensar, reflitamos. Não há como amalgamar a massa fluida ao nosso duro julgamento, ele só enrijece e devemos aproveitar enquanto podemos ver.

Ou sentir. E nisso construímos as rebeliões dentro de nós, por isso nos sentimos impertinentes. Dói mas é. Viver sempre fará falta, também aproveitemos. Nada melhor que uma revolta para voltar, continuar o que era com outra cara, diferente.

A vida não é cara.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

epitáfio

falece hoje, 10 de fevereiro de 2009, seu Juarez. companheiro de café, alegre notívago, garçom há mais de trinta anos, amigo reclamão. levará consigo canetas orgulhosamente conquistadas pelo árduo trabalho. será sentida falta de tudo: a copa tinindo, o café sempre quente, fumegante às dez da noite e às três da madrugada, os sanduíches caprichados e as palavras contentes mesmo no trabalho mais duro. aposentara-se há quatro meses e ainda trabalhava. alforriou-se há dias, mas a vida estava no hotel em que trabalhava. deixa saudades e palavras consistentemente verdadeiras que permanecerão intactas pelo tempo.