Pensar Hoje - retratos do agora

domingo, 13 de julho de 2008

Estática

Pode também ser revigorante andar parado; assim o diz meu corpo hoje, ao pela primeira vez sentir o farfalhar das folhas, sim, lá ao longe - longe do que? - sem se preocupar com as qualidades ou defeitos dele. Também pode ser boa a sensação de não julgar, não ser julgado - sequer olhar por um tempo.

O descanso, quando de verdade, pode ser confundido com algo não benigno. Mas, oras, depende de como medimos isto. Afinal, pomo-nos em condição da justa incapacidade para aferir algo. Felizmente é só por um tempo.

E, então, como não confundir o descansar com o apodrecer, nestes casos? Nele, assim como o fiz, ser medido após tal descanso ou padecimento. Sim, demoramo-nos a entrar de volta em nossos corpos, mas eles também agradecem quando é um descanso. Um decanto, diria.

A fugacidade deste momento nos é cara: como evitar fugir se simplesmente estamos fora? Não há resposta necessariamente precisa, até assim não podemos evitar nossos corpos de pensar ou até de tomar decisões por nós. Aliás, "por nós", saliento.

Cabe a nós decidirmos por quanto tempo ficaremos estáticos. Se pouco ou se muito, o julgamento é pessoal. Mas há um consenso. Ninguém descansa sem ter se cansado de algo. Como quase tudo, é talvez melhor que não seja para sempre. Ou muito.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Olhos fechados

(erros: ^H é o backspace para correção)

É com alegria que escrevo de olhos fechados. É parte de uma cena tudo isso. Ouvir música e, ainda de olhos fechados, escrever, me é gratificante. Há a especialidade de se sentir, ainda, a melodia no peito, com tanto o ribombar o movimento mais agressivo quanto o adágio a me acalentar.

Compor de olhos fechados deve ser difícil, uns dizem. Devo concordar, escrever também o é. Mas quando as palavras saem do coração, não sei, é mais possível chorar palavras sem se arrepender. Não temos nossa blindagem e queremos sentir um pouco mais para refletir por que é que é tão forte...

Não tem dilema nisso, aposto. E o melhor, não preciso de meus óculos para enxergar melhor o que escrevo.

A orquestra estava bonita, na música cada instrumento passava a batuta ao outro: violinos fazendo a vez de trompetes, até triângulos tiveram chance de se mostrar. É porque eles devem ser a forma perfeita, acredito.

Sem ver, uns podem perder a linearidade do que escrevem. O que é que escrevi há dois parágrafos mesmo? Não tenho como reler e tentar dar mais sentido a algo. Mas estava tudo em minha mente, deve fazer sentido. Vamos para a próxima palavra, o resto deve fazer sentido.

Olhos fechados devem combinar com breu, acredito. Mas sem barulho, por favor. Sem ruído. Sem interrupções, depois penso no que passou. Ou não. Devo confundir as coisas agora, não tenho esse costume (de escrever com olhos fechados).

Voltando à música, o resultado deve ser bom se a sensação no coração ainda é a mesma quando terminar de escrever. Porque se escrevemos alguma coisa com uma sensação no coração e, ao final do texto, el^H^H^H ela mudar,^H é porque algo deve ter mudado no meio do caminho. E só de olhos fechados para ainda ao mesmo tempo olhar para dentro e tentar continuar igual dentro como fora.

Ainda escreverei com música um dia. E, claro, de olhos fechados.