Pensar Hoje - retratos do agora

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O menino

Era frio.

Esfregando suas mãos geladas, o menino resolveu passar algum tempo fora de casa. Tinha sido um bom aluno e decidira contemplar as folhas das calçadas ao vento, os amigos correndo e jogando taco, o muro do clube que já pulara várias vezes, a avenida que era ostensiva com seus carros andando para lá e para cá.

A tarde estava bonita: pessoas alegres e o sol quase indo deitar. Ela encheu de lágrimas os olhos do menino ao recordar, mais uma vez, a existência de sua mãe. Era o desejo de ainda falar palavras para, mesmo que na imaginação, contar o dia e compartilhar seus sentimentos.

Deitou-se no chão liso e disse bem baixinho para só ele mesmo escutar. Era oração própria de seu mundo. Tudo da cabeça. Formigas andaram por sua mão, mas ele não parou. Já estava ficando tarde, mas a palavra precisava sair. Os amigos o chamaram para andar de bicicleta, mas ele queria falar.

Sete horas e o sol já tinha ido. Palavras ditas, notou que as folhas da calçada tinham sumido e os amigos já tinham ido jantar. Voltou para casa e encontrou a mãe; e a surpresa: voltou de viagem mais cedo. Abraçou-a e fechou os olhos com o mesmo sorriso das lágrimas.

2 comentários:

Marcia Soleni disse...

O menino pedia e pedindo o menino acreditava.
Dá cá um abraço nesse menino :)

Milena Palladino disse...

Sim... Leonina.
Ainda não descobri se isso é bom ou ruim....