Pensar Hoje - retratos do agora

terça-feira, 4 de março de 2008

Homem-pássaro

Renasce, a cada dia, o Homem-pássaro que há em nós todos. Claro, este não tem exatamente um gênero. Talvez nem seja “suficiente” para os outros anunciarem que tem essência. De luz, sim, ele vive. E dói lembrar, tem gente fazendo questão de matá-lo todos os dias.

Não faz mal, ainda assim ele fala. E diz muito, viu? Esta parte ou este todo está em cada um de todos. Temos a capacidade de renascer todo dia, por isso ele sobrevive mesmo com as pessoas o matando.

Também não faz mal morrer um pouquinho; se ninguém morresse, não teríamos coisas novas, juventude, coisas a criar. E toda nossa cria é nossa responsabilidade. Ai de quem não entende isso. Não faz mal, no fim todo mundo entende.

Mas também não faz bem nascer todos os dias. Olhar pela janela e estranhar a paisagem, perguntar o-que-vamos-fazer-hoje e não ter resposta, não saber o porquê de ter levantado hoje... Que hoje?

Ou morrer todos os dias. Como vamos morrer hoje? Por que? Mas já? É, estranho também. Tudo é estranho, é viscoso, tem cheiro de caramelo vencido, o olhar é sinistro ao irmos embora.

E suas penas douradas não passam desapercebidas, não, não. Rinasce più gloriosa, já diziam. Tal ressureição é dona do berço de nossos bebês morais e da lápide de nossos preconceitos. Quem não mudou um pouquinho hoje?

Faz sentido falar em reforma, que a luz nos guia, o céu é seu viveiro. Por isso o sol a todo dia vem, tal qual a roda da fortuna. E a lua, essência da roda, sempre cresce e mingua. Não tem quem não mude, só isso. Uns demoram, é claro, por teimosia. Como já disse, por dentro a alma só ri se ela quiser.

Por isso a vida muda as perguntas a toda hora, é mesmo! E por isso também devemos morrer ou nascer, não? Para entender, só se perguntando hoje e amanhã. Se a resposta for diferente, algo mudou.

Só não devemos ter vergonha de ter outra resposta amanhã, ela pode ser melhor que a de antes. Deixemos ele voar...

3 comentários:

Amanda disse...

Alguém me disse que essa idéia de "morrer um pouquinho" é uma idéia de Elisa Lucinda.
Eu não sei, na verdade.
Só sei que sinto isso às vezes.
Ontem foi um desses dias.
É estranho, não é?
Como matar um pedacinho da gente e continuar sendo nós mesmo? Como se jogar na inércia de morrer um tanto para fugir de alguma coisa? Não sei se é assim pra todos. Mas quando eu quero morrer um pouquinho, geralmente é por isso.
Acho que arranco minhas penas uma a uma.

Boo disse...

Esse comparativo com pássaros me faz pensar, de uns tempos pra cá mais do que antes...


"Só não devemos ter vergonha de ter outra resposta amanhã, ela pode ser melhor que a de antes."

Pois é, isso eu já aprendi um pouquinho :)

Marcia Soleni disse...

cada um sabe ao certo onde bater as asas...onde pousar... mas é preciso ser mais que alado pra pensar na amplitude de tudo isso...tem uns que não mereciam nem ser homens, que dirá pássaros.
Todo o dia no revoar das asas a gente pode ser feliz e, é o que desejo à vc.